Coluna

Startup brasileira de biotecnologia inicia rodada de investimentos nos Estados Unidos

O cenário internacional de investimento em startups não têm se mostrado acessível,  para mulheres, ele se tornou ainda mais cruel. Segundo o relatório “Female Founders Report 2021”, elaborado pelo Distrito com a Endeavor e a B2Mamy, apenas 4,7% das startups brasileiras foram fundadas exclusivamente por mulheres e 5,1% por mulheres e homens. O relatório também conclui que, mais de 90% desses negócios possuem somente homens em seus quadros de fundação.

Entre as razões estão a disparidade de investimentos e a desigualdade de gênero no ecossistema de Venture Capital, que provocam uma alocação diferente de capital entre empresas lideradas por homens e mulheres. De acordo com 41,1% das fundadoras mapeadas, o primeiro contato com o investidor é o mais difícil.

Contrariando as estatísticas apresentadas, a cientista biomédica Mariana Silva, 30, fundadora e CEO da Planty Biotech – startup de biotecnologia que apresenta caminhos alternativos ao uso de recursos não renováveis, como o petrolato, na produção de ingredientes cosméticos – inicia sua jornada em busca da primeira rodada de investimento.

Com uma estratégia de captação mais ampla, a cientista conta com o apoio da Latitude, que incorporou em janeiro de 2023 a Planty Biotech nos  Estados Unidos. Segundo Mariana, um passo importante foi dado para se apresentar de forma global e obter o investimento necessário para o desenvolvimento da sua tecnologia.

Mariana também aponta a motivação de incorporar a Planty no exterior e destaca a dificuldade de encontrar investidores brasileiros que desejem investir em biotecnologia. “Sinto que o mercado de investimento brasileiro ainda está engatinhando no que se refere investir em startups de biotecnologia. Conversei com muitos investidores anjos e, alguns ligados a fundos de Venture Capital ou a crowdfunding de nomes consolidados. Muitos achavam interessante o que eu apresentava, mas quase nenhum tinha fit com a proposta da startup, ou não tinha biotecnologia nas suas teses de investimento e por isso, evitavam investir no que consideravam um risco desconhecido”, explica.

“Hackeando” o DNA da biodiversidade brasileira, a Planty Biotech utilizará o investimento levantado para criação de um biorrepositório genético da flora brasileira, com o objetivo de se tornar uma empresa líder na produção biossintética, de ingredientes cosmético, promovendo menor impacto ambiental.

“Temos ferramentas suficientes na tecnologia e biotecnologia para criar uma bioindústria com DNA brasileiro, onde a natureza seja nossa fonte de inspiração e não exploração. Criar moléculas miméticas às existentes na natureza, utilizando bactérias e fungos como nossas fábricas, é um dos objetivos da Planty Biotech. Acreditamos que esse caminho gera uma cadeia produtiva de cosméticos mais sustentável, sem explorar de forma indiscriminada nossos recursos naturais”, explica Mariana.

Com uma equipe extremamente qualificada, a Planty busca conseguir USD 1 milhão de dólares, um capital que será utilizado para financiar dois anos de operação, incluindo o pedido definitivo de patente no Brasil e internacionais, de uma molécula que já está em desenvolvimento, visando obter receita com acordos de licenciamento das tecnologias que serão desenvolvidas.

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