Coluna

Baiana quebra padrões e leva a moda para corpos plurais

De uma coisa podemos ter certeza, história e moda sempre estarão lado a lado, da mesma forma como as transformações sociais e econômicas do mundo. Quando trazemos essa pauta para a indústria têxtil, é preciso lembrar que o setor já passou por grandes mudanças e ideias à frente de diversas épocas.

Dentro desta perspectiva, a coragem de driblar o convencional, a resistência e a criatividade de mulheres no âmbito da moda – um dos pilares que sempre proporcionam mudanças –  a cada ano, deixa a indústria ainda mais inclusiva e  responsável.

E Lourrani Baas é um dos nomes para ficar de olho. A Publicitária e Fashion Designer, do Recôncavo Baiano, vem quebrando barreiras e questionando padrões impostos pela indústria. Sua luta se inicia ainda na adolescência, ao passar por desafios de encontrar peças no seu manequim, começa a utilizar a moda como ferramenta de transformação social.

Em Salvador, onde se formou em moda, trabalhou com práticas de impacto social no terceiro setor e desde então, entrou para o movimento feminista, onde entendeu a possibilidade realizar um sonho que até então era visto como distante, já que para uma garota gorda e negra do interior da Bahia, seria impossível.

Com o passar dos anos, Lourrani uniu a sua paixão por moda com pluralidade e herança ancestral e inclusão social. Adepta a economia  circular, ela passa a entender que vestir-se é um ato de sensibilidade humana e como forma de driblar os obstáculos, lança sua marca homônima, onde trabalha com slow fashion e muita sustentabilidade.

“Sou uma pessoa que contribui para um novo futuro, uma nova sociedade, trabalhando e inspirando pessoas a procurarem suas melhores narrativas. Não só por trabalhar com sustentabilidade, mas desde sempre trabalhando com impacto social. Acredito no poder da coletividade e no poder da diversidade e pluralidade de pessoas. Então, com base nisso, a gente consegue se fortalecer em grupo, pensando em sociedade, além de conseguir construir novas percepções de mundo, novos cenários mais conscientes e responsáveis”, pontua Lourrani.

Ativista e CEO da Liga Transforma – sua startup de impacto socioambiental detentora de um método único de beneficiamento de resíduos têxtil – a baiana seguiu um caminho totalmente diferente. Optou por uma moda que valoriza a importância do meio  ambiente e mesmo com todas as dificuldades, se manteve firme. ”O que me motiva é fazer diferente. Com instinto de ousadia e ser transgressora/disruptiva, sempre tento agir e pensar fora da caixinha. Minha grande motivação também é inspirar outras pessoas a descobrirem novas possibilidades dentro de um mundo tão padrão”, acrescenta.

Dentro do seu processo de produção criativo, Lourrani precisa saber o que tem de resíduo, já que é a sua matéria prima básica. A partir do resíduo começa a elaboração da escrita de roteiros que se conectam com propósito da marca e com propósito pessoal da designer. E principalmente com o momento que estamos vivendo, relacionado a moda regenerativa.

Seguindo esse modelo de atuação, um currículo vasto de produções e uma carreira promissora, a baiana já foi citada pela tão conceituada Revista Forbes Life, onde foi apontada sua participação na 9ª edição do Novos Designers, do Shop2gether. Primeira vez em que o projeto teve formato 100% circular e que todo resíduo têxtil foi reaproveitado.

A ativista recentemente esteve no Caribe, a convite da ONU Mulheres, para participar do Iemanjá Colaborativa: Workshop de Liderança e Network para Mulheres Empresárias. Evento que teve como objetivo fortalecer a capacidade de liderança, capacitar e equipar os participantes para escalar seus negócios e criar empregos significativos, além de construir redes e criar oportunidades de mentoria para empreendedores da América Latina e Central.

Lourrani ainda acrescenta que receber esse convite lhe trouxe o sentimento de realização. Aquele sentimento que reafirma seu trabalho.”Foi um sentimento de grande realização, de reconhecimento, principalmente de saber que estamos no caminho certo. Eu sempre fui muito fã da ONU Mulheres, sempre acompanho o trabalho realizado”, finaliza Lourrani Baas.

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