Um mergulho no universo do artista plástico Héctor Julio Páride Bernabó, o Carybé. Esse é o resumo da nova longa ficcional da Têm Dendê Produções em coprodução com o diretor argentino Miguel Kohan, “Na Pele de Carybé”, em fase de desenvolvimento e pesquisa. O projeto será ambientado entre Salvador — cidade escolhida pelo artista para viver — e Argentina, seu país de origem.
O filme apresenta a história de Pierre, um ator que está passando por uma crise amorosa que o afeta profissionalmente. Em meio à incerteza pessoal e também econômica, vem a oferta de trabalho em um filme sobre o artista plástico Carybé. Em acordo com seu temporário falta de habitação, fruto da separação, a produção do filme lhe oferece mudar-se para o apartamento número 76, localizado em um edifício em Buenos Aires, no bairro de Parlemo, onde abrigou um mural de parede realizado por Carybé em 1953. Começa assim para Pierre a aventura de se colocar na pele de Carybé.
“O longo emerge naquilo que desenvolveu e guiou o artista a encontrar uma maneira de transmitir os valores de um povo, tanto dentro dos espaços no quadro como do lugar que habita, refletindo fielmente a cultura afro-brasileira” , explica o diretor Miguel Kohan. “Tive a privilégio de entrevistar Carybé em seu escritório em Brotas e, no momento em que o conheci, fiquei surpreso e imediatamente pensei que ele merecia um filme. Enquanto morava na Bahia, admirei sua forma monumental de expressar a cultura afro-baiana e fiquei muito admirado e surpreso com o fato de alguém que passou parte de sua vida na Argentina ter realizado tal tarefa cultural. A ideia de fazer o filme cresceu e amadureceu com o tempo” , explica Kohan, que fez uma viagem à Salta, onde Carybé havia morado em 1936.
Lá, ele descobriu um universo pouco conhecido e que dialogava com a posterior viagem do artista argentino a Salvador, como a experiência de convivência com os indígenas que definia a direção de sua arte. Noemí Fuher e Keyti Souza assinaram a produção executiva e, na fase de pesquisa, a equipe teve acesso a notas de viagem de 66 páginas escritas por Hugo Ratier, sobrinho de Carybé e antropólogo, que viveu no apartamento 76. As notas datam de 1956, ano em que Hugo viajou a Salvador para conhecer seu tio. “Encontramos e contatamos materiais que nos surpreenderam gradativamente pelo seu valor cinematográfico, narrativo e visual, que nos ajudaram a transmitir uma atmosfera de veracidade ligada a Carybé” , antecipa o produtor executivo do filme, Keyti Souza.
Em Salvador, Miguel Kohan estará no Panorama Internacional Coisa de Cinema com o filme “ÁNIMU”, com exibições no Cinema Glauber Rocha.

