Madre Joana Angélica é homenageada em seu bicentenário de morte

O  bicentenário de morte da primeira mártir da independência na Bahia será celebrado neste domingo, 20, a partir das às 8h30, pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB). A homenagem aos 200 anos de falecimento da madre Joana Angélica de Jesus contará com deposição de flores ao Memorial e celebração de uma missa realizada pelo Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, cardeal Dom Sergio da Rocha, às 10h, no Convento da Lapa.

 

História

Em 20 de fevereiro de 1822 morria assassinada em Salvador a freira Joana Angélica de Jesus, da Ordem da Imaculada Conceição. Ela era a Sóror (Madre Superiora) do Convento da Lapa e estava com 60 anos. Joana Angélica morreu devido aos ferimentos decorrentes de um golpe de baioneta, desferido na véspera, por um dos soldados portugueses que invadiram o claustro do convento, onde ficavam recolhidas as noviças.

Naqueles dias Salvador vivia um clima de guerra civil, com militares portugueses atacando brasileiros, militares e civis, nas ruas da cidade. Os brasileiros tentavam impedir com protestos a posse do brigadeiro português Madeira de Melo, no cargo de Governador das Armas, função que era até então exercida por um brasileiro. Durante três dias houve ataques mútuos, com dezenas de mortos e feridos.

Na manhã do dia 19 houve um violento choque, com trocas de tiros nas imediações do Campo da Pólvora. Inferiorizados em homens e armamentos, os brasileiros fugiram “pelas matas do Tororó”, conforme registro da época. Acreditando que eles tivessem se escondido no Convento da Lapa se dirigiram para lá e arrombaram a porta. Foi neste instante que Joana Angélica surgiu à frente deles. Durante alguns instantes ela tentou convencê-los a não avançar para o interior do convento. Recebeu um golpe no ventre e saiu ensanguentada.

O capelão do convento, Padre Daniel Lisboa, que tentou defendê-la levou golpes de coronhadas na cabeça. O convento foi invadido mas ninguém foi encontrado. As noviças já tinham sido retiradas por outras religiosas e estavam a caminho do Convento das Mercês, onde buscavam abrigo. Se havia brasileiros escondidos não foram encontrados pois o convento foi minuciosamente revistado. Há versões de que ao perceber a proximidade dos militares ao convento Joana Angélica teria mandado elas saírem por outro acesso enquanto tentaria ganhar tempo, retendo-os no portal que dá acesso ao pátio.

Joana Angélica foi sepultada no próprio convento, no local exato em que foi atingida A morte dela aumentou a revolta dos baianos contra o domínio português. O clima de comoção foi intenso em Salvador e ecoou no Rio de Janeiro, onde a colônia baiana mandou celebrar uma missa de 30° dia, em que compareceram, trajando luto fechado, o Príncipe Regente Dom Pedro e a Princesa Leopoldina.

Os acontecimentos do Convento da Lapa foram os mais dramáticos do processo que levou os baianos a se engajarem na campanha pela Independência. Em 25 de junho daquele ano a Vila de Cachoeira aclamou Dom Pedro “Defensor Perpétuo do Brasil”, desafiando as Cortes de Lisboa, que elaborava a primeira Constituição portuguesa e pretendia recolonizar o Brasil. No mesmo dia Cachoeira foi atacada por uma barca canhoneira portuguesa ancorada no Rio Paraguaçu. Começava ali a guerra pela Independência período em que Cachoeira foi sede do governo rebelde da Bahia. Em 7 de Setembro, Dom Pedro proclamava a Independência mas como na Bahia os militares e comerciantes portugueses ainda resistiam e não aceitavam a separação, a guerra prosseguiu até 2 de Julho de 1823, quando finalmente foram expulsos da Bahia. Estava consolidada a Independência.

Fonte: IGHB

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