Na próxima terça-feira, o cantor, músico e compositor Jonga Lima interrompe um hiato de dois anos e sobe ao palco para mostrar novas canções autorais, algumas delas compostas durante o isolamento social. Não à toa ele escolheu a Sala do Coro do TCA, espaço que respeita muito, para abraçar seu público e mostrar sua produção durante a pandemia, que rendeu seu 10º álbum autoral, Ideias à Prova de Bala, lançado no ano passado. O show acontece na próxima terça-feira, 26, às 20h, e suscita uma mensagem de resistência, luta e esperança diante dos tempos difíceis que se apresentam. “Fico feliz em poder traduzir as inquietações desse momento através de minhas músicas”, comenta ele. Os ingressos estão à venda no Sympla e na bilheteria do Teatro Castro Alves.
O repertório vai além das faixas do novo álbum. Com a intenção de matar a saudade, o artista escolheu composições que são marcantes na sua trajetória como forma de criar uma interação especial com a plateia em clima de reencontro e celebração. Estão lá, por exemplo, as sempre pedidas Samba de Vinil e Samba do Improviso, e, vale destacar, uma passagem dedicada à saudosa Elza Soares, com quem Jonga dividiu momentos inesquecíveis da sua carreira.
“Tenho uma história de amizade e parceria com Elza, ao lado dela vivi momentos muito bonitos, como quando cantamos juntos no trio elétrico no circuito Barra-Ondina e quando fizemos um show superlotado e memorável na Praça Pedro Arcanjo, no Pelourinho. Agora que ela nos deixou, eu não poderia deixar de homenageá-la”. Uma das músicas para a dama do samba é A Trama do Samba (Jonga Lima e Helson Hart), gravada por Jonga e Elza no álbum Aos que Zelam pela Alegria do Mundo (2010), da Sambatrônica, banda da qual Jonga foi integrante entre 2005 e 2015.
O artista também escolheu duas canções presentes no álbum que considera um dos mais incríveis da carreira de Elza Soares, Do Cóccix Até o Pescoço (2002), para reverenciá-la. São elas Dura na Queda (Chico Buarque) e Dor de Cotovelo (Caetano Veloso). Fora do rol das autorais, ele também canta A seta e o Alvo, de Paulinho Moska, composição que o artista revela se identificar muito.
Entre as faixas do disco Ideias à Prova de Bala, Jonga realça a canção que dá nome ao show e ao álbum, uma composição sua com o poeta e filósofo Ivan Maia, que versa sobre vários líderes, como Martin Luther King, Gandhi, Nelson Mandela e Lula. No refrão, a mensagem “Nenhuma cadeia prende ideias bem encadeadas de liberdade. Quando o povo tem coragem aprende a resistir”. O seu parceiro nessa composição participa do espetáculo declamando uma poesia de Drummond.
“Não temos como subir num palco hoje e não falar da realidade atual da nossa vida no Brasil, com uma presidência caótica, extremamente negativa, autoritária, inaceitável, que faz a gente sonhar com uma mudança, com uma vida mais justa, com mais igualdade social, menos racismo, menos discriminação e mais cultura, que está sendo devastada nesse governo”, desabafa.
Outra música do disco que está entre as mais queridas de Jonga é Nova Abolição, parceria com o mestre bandolinista Hamilton de Holanda. “Hamilton é um dos mais incríveis músicos que já conheci, ele fez o tema instrumental e eu compus a letra, que é um cântico antirracista de louvor à cultura preta brasileira e sua ancestralidade”, conta. No álbum, essa faixa conta com participação de Armandinho Macêdo tocando guitarra baiana e, no show, terá a participação do bailarino Agnaldo Fonseca.
O respeito à mulher também é tema do show, com a música Nunca Mais Aconteça (Jonga Lima), para a qual Jonga recebe a participação da cantora e compositora baiana Manuela Rodrigues. Sua filha, Amora Lima, também sobe aos palcos, como backing vocal e dividindo com ele os vocais de Lira Carinhosa (Jonga Lima, Amadeu Alves e André Borges). “Essa é uma canção das inesquecíveis trilhas sonoras do Circo Picolino aqui da Bahia”, relembra o anfitrião.
Já a cantora trans, modelo e atriz, Alyssa Anjos, tem dupla participação na apresentação. Além de backing vocal, ela é a convidada para interpretar Vibe do Amor, uma canção que celebra a liberdade e o respeito nas relações amorosas. Outra novidade da noite é que Jonga escolheu a ocasião para lançar uma nova canção, Atentos e Vivos, uma parceria dele com o músico Roberval Santos, com arranjos de Luizinho Assis. O lançamento nas plataformas digitais acontece na sequência.
O show Ideias à Prova de Bala tem a direção de dois atores do teatro baiano, a atriz Cristiane Cândido e o ator Daniel Marques. Na banda, acompanham Jonga: Cassius Cardozo (programações, paisagens sonoras e percussão), André Becker (sax e flauta), Ricardo Markis (guitarra baiana e guitarra), além de Amora Lima e Allyssa Anjos nos backing vocais.
“Estar realizando esse show é motivo de muita alegria e emoção pra mim. Não foi fácil como músico vivenciar o isolamento dos dois últimos anos, como sei que não foi fácil para ninguém. Foi muito preocupante, desgastante, ficamos sem trabalho e poder voltar ao palco agora, de forma responsável, nessa sala incrível, que é a Sala do Coro do TCA, que eu respeito muito, realmente é muito gratificante”, comemora.
Jonga Lima produz e apresenta o programa Brasil Pandeiro, na Rádio Educadora FM, todos os sábados, às 9h, com ótima audiência, e acaba de lançar, no seu canal no YouTube, o programa quinzenal Insurreisamba, no qual ele mergulha no universo do samba brasileiro.
SERVIÇO:
Jonga Lima apresenta: Ideias à Prova de Bala
Local: Sala do Coro do Teatro Castro Alves
Data: 26 de abril – terça-feira
Horário: 20h
Ingressos: R$50,00 (Inteira) / R$25,00 (Meia).
Vendas: Sympla e Bilheteria do TCA