A passagem de uma das maiores cantoras de todos os tempos, Janis Joplin, pelo Carnaval carioca de 1970 é narrada no documentário Janis – Amores de Carnaval, Memórias de Ricky Ferreria e Convidados, que acaba de receber o seu trailer oficial. Produzido por Marcelo Braga, da Santa Rita Filmes, e dirigido por Ana Isabel Cunha, o longa traz histórias e relatos da passagem de Janis pelo Brasil, contando com convidados especiais como Alcione, Baby do Brasil e Walter Casagrande.
O filme foi narrado em primeira pessoa por uma testemunha ocular dos fatos, o fotógrafo Ricky Ferreira (in memoriam), que a hospedou em seu apartamento no Leblon. O documentário faz sua estreia nesta semana no Festival do Rio, na seção Première Brasil: Retratos Longa-Metragem, e será exibido dia 4 de outubro, 18:30 no Estação NET Gávea 3.
Com riqueza de fotografias, do acervo de Ricky, o filme conta também com depoimentos de pessoas que viveram esse episódio ou são admiradores de Janis: Baby do Brasil, Alcione, Walter Casagrande, José Paulo Kupfer, Leiloca Neves, Carlos Horcades, João Luiz Lacerda de Albuquerque, além de Carol Fazu, como Janis Joplin.
“Ricky é pessoa fundamental para esta obra ter sido realizada. Não só por todo rico arquivo fotográfico que licenciamos dele sobre esta passagem meteórica de Janis, como ele foi, de fato, um cicerone dela pelos 7 dias a hospedando em sua residência no Leblon, e a acompanhando pelo carnaval, bailes, praias, bares e boates da cidade. Foram dias inesquecíveis para ele e para ela também, imaginamos”, explica Marcelo.
A diretora estreante Ana Isabel ressalta como essa aura de mistério, a princípio, foi um desafio na construção de uma linha temporal. “O ponto de partida foram as fotos do Ricky e o material de arquivo – registros dos principais momentos vividos por ela na cidade. Voltamos com Ricky e os entrevistados aos locais onde eles encontraram com ela e assim fomos reconstruindo essa viagem. Na montagem, as imagens subjetivas da ‘nossa Janis’ ajudaram a costurar esses momentos.”.
Ela ainda ressalta que o fato do longa ser dirigido por uma mulher contribui para um equilíbrio, uma vez que o fio condutor é o olhar masculino de Ricky. “Janis era feminista, teve que se impor em um mercado dominado pelos homens. Quando comecei a entrar mais a fundo na história da Janis fui descobrindo uma mulher sensível, com suas inseguranças e que queria ser aceita, ser amada. Na juventude sofreu bullying pela aparência e aqui no Brasil sentiu isso novamente. Na passagem dela pelo baile do Theatro Municipal, mesmo sendo convidada, foi barrada no camarote por ‘não ser boa.’. Mesmo não falando português, ela entendeu exatamente o motivo. Essa pressão estética é um tema que nós mulheres sofremos até hoje.”.