O fotógrafo baiano Tacun Lecy embarca no dia 29 de março, aniversário de Salvador, para uma residência artística e cultural na cidade de Òyó, na Nigéria. O projeto visa documentar a cultura e a diáspora iorubanas, com foco no Império do Aláàfin Òyó e no culto a Sàngó. Convidado para a cerimônia de coroação do Príncipe Abimbola Akeem Owoade I como novo Aláàfin Òyó, o fotógrafo e pesquisador premiado iniciou uma campanha para arrecadar recursos para a residência.
O novo capítulo na trajetória de Tacun Lecy dá continuidade a um trabalho iniciado em 2014, com a vinda da Comitiva Real do Aláàfin Òyó à Bahia. O projeto “Povo de Sàngó: Diáspora e Ancestralidade Iorubanas” busca identificar e compreender elementos matriciais e os diferentes aspectos das tradições iorubanas na África, analisando as suas conexões com o que encontramos enraizado na cultura baiana, pós-diáspora. A proposta foi contemplada pelo edital de Mobilidade Cultural da Secretaria de Cultura da Bahia (SecultBa), que garantiu recursos para custear passagens, hospedagem e alimentação. No entanto, para auxiliar nos custos da viagem, o fotógrafo lança uma campanha de financiamento colaborativo, que vai ajudar a cobrir outros custos, como documentação, deslocamentos na Nigéria, impressão de fotografias e outras despesas que não podem ser contempladas com o recurso do edital.
Uma forma de participar da campanha, é através da vaquinha on-line, contribuindo com qualquer valor. Além da vaquinha, Tacun Lecy também colocou à disposição de pessoas interessadas, um catálogo com 59 fotografias, no tamanho 30 x 20 cm, impressas em papel Studio, no valor de R$ 130,00 (cada foto). Quem contribuir, concorrerá a uma ampliação Fine Art no tamanho 60 x 40 cm. As fotografias que compõem o catálogo são, especialmente, do registro que o fotógrafo fez durante visita da Comitiva Real do Aláàfin Òyó à Bahia, além de outras imagens de temáticas variadas, que integram o acervo do artista.
“Esse trabalho é um projeto de vida e de reconexão com a Terra-Mãe. Chegar ao continente africano, na terra de Xangô, que é o patrono da minha casa e maior representação do império iorubano, tem uma importância muito grande, não só pela pesquisa, mas por ser descendente de africanos e conviver com heranças dessa fonte. Poder pesquisar Xangô, não apenas pela perspectiva religiosa, mas pelas relações culturais que se estabeleceram nos dois lados do Atlântico, abre um portal para imensas possibilidades de se analisar e discutir a sua importância para o povo afro-brasileiro pelas perspectivas de outros olhares e novas narrativas”, destaca Tacun Lecy, que é Babalaxé do Terreiro Raiz de Ayrá, templo de candomblé registrado como patrimônio cultural da Bahia, localizado em São Félix – Recôncavo Baiano.