Cultura

A obra de Tunga é apresentada pelo Itaú Cultural em mostra monumental que encerra as exposições deste ano

Na infância, o pernambucano, nascido em Palmares, Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão (1952-2016), ganhou o apelido Tunga, que significa bicho-de-pé. Assim ficou conhecido no meio artístico nacional e internacional. Passados cinco anos de sua morte, vítima de câncer, no Rio de Janeiro, onde havia fixado residência desde os anos de 1970, o Itaú Cultural realiza uma exposição que abrange toda a sua obra. Abre para o público às 11h deste sábado, 11, e segue até 10 de abril.

TUNGA: Conjunções Magnéticas é composta por cerca de 300 obras bidimensionais e tridimensionais, entre trabalhos produzidos desde o início de sua carreira, quando ele tinha 18 anos, até as suas últimas criações, em 2015, e itens de seu ateliê. São desenhos – os quais permeiam seu trabalho em toda a carreira –, esculturas, objetos, instalações, vídeos, performances, cadernos de artista, esboços e materiais que ele utilizava.

Esta mostra se estende para o Instituto Tomie Ohtake, situado no bairro de Pinheiros, onde o público aprecia Gravitação Magnética. Composta por aproximadamente 300 quilômetros de fios de metal – se fossem estendidos em uma linha só –, a obra participou da 19ª Bienal de São Paulo em 1987 e nunca foi remontada. Além de desenhos que acompanham o trabalho e uma maquete, ali também estará exposta ÃO, atualmente podendo ser visitada apenas no Instituto Inhotim.

A realização e concepção de TUNGA: Conjunções Magnéticas é uma parceria do Instituto Tunga e Itaú Cultural, por meio do Núcleo de Artes Visuais, que se estende à confecção de um Catálogo Raisonné, com patrocínio do Banco Itaú – um projeto de três anos para reunir mais de 10 mil obras do artista catalogadas nesta publicação. Os objetos táteis, que se reúnem aos recursos de acessibilidade oferecidos na mostra, também vêm de um trabalho conjunto dos dois institutos. Ainda, o Itaú Cultural prepara um catálogo da exposição, a ser distribuído no início de 2022 e programação idealizada pelo Núcleo de Educação e Relacionamento.

Paulo Venancio Filho, curador, crítico e professor de arte, além de amigo de Tunga desde que ele foi viver no Rio de Janeiro, assina a curadoria. O projeto expográfico é de Isa Gebara. Pelo instituto Tunga, colaboraram Antônio Mourão, seu filho e diretor da instituição; Clara Gerchman, cofundadora e gestora do acervo; e Fernando Sant’Anna, assistente do artista em quase toda a sua carreira.

“Esta é uma exposição que tem uma abrangência quase completa da obra de Tunga. Digo ‘quase’ porque, nas últimas décadas, ele fazia trabalhos que chamava de ‘instaurações’, eram efêmeros e exigiam a sua presença não sendo mais possível reproduzi-los. Mas, é, sem dúvida, a maior e mais completa”, diz o curador. “É uma oportunidade única para ver todo o seu trabalho de uma vez. Provavelmente, levará um bom tempo para se reunir de novo tantas obras de instituições e coleções”, completa.

A apresentação do conjunto da produção do artista, revela a diversidade de suportes usados por ele. Demonstra, ainda, seus múltiplos interesses em diferentes áreas do conhecimento, como literatura, matemática, arte e filosofia. Não se trata, no entanto, de uma exposição retrospectiva, no sentido de linearidade e cronologia. Venancio Filho optou por apresentar nos mesmos espaços, trabalhos de diferentes épocas, procurando relacioná-los entre si, no que ele chama de uma espécie de “dobra” que Tunga fazia em seu trabalho, voltando, às vezes, para si próprio.

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